AnaxMatthew (Especial Evy e Thatha)

ANASTASIA

A pergunta realmente incomodou Anastasia. Não era algo que ela gostasse de conversar. Afinal, que tipo de pessoa gosta de contar que sofre pequenas humilhações no colégio? Aquele assunto a incomodava profundamente, e sentia-se irritada consigo mesma por ter deixado isso transparecer. Afinal, um desconhecido já sabia o que passava.

- Um pouco... Mas não tem importância - disse evasivamente, dando de ombros. Colocou os livros sobre um criado-mudo ao lado da cama de Matthew, ouvindo-o falar que não faria nada com ela. A garota ruborizou e negou com a cabeça. - N-não pensei nada assim! - mentiu, e estava na cara que mentia. Apesar de saber que ele era um criminoso, Ana acabou se deixando encantar pelo jeito até carinhoso de Matthew, mas balançou a cabeça. - D-de qualquer forma, aproveite os livros! Precisa de mais alguma coisa? - perguntou, doida para correr para seu quarto e afundar a cara no travesseiro, podendo corar a vontade.

Matthew suspirou... Deixou a menina falar tudo o que tinha a dizer, e então riu baixinho.- Quero que seja sincera menina.- Falou pegando-a no flagra e sentando-se de modo ereto na cama. - Eu posso ver no seu olhar que algo lhe incomoda naquela escola... Não sei de fato o que lhe fazem, mas sei que lhe afeta já passei por isso há muito tempo atrás.- Confessou para ela, esperando que fosse um incentivo para ela falar com ele, claro que não era nenhuma mentira o que ele a contara, e já havia superado há muito tempo, mas talvez fosse esse o empurrão que a menina precisasse para se abrir... Alguém que tivesse passado pelo mesmo que ela tem, e que fosse a compreender e poder lhe dar conselhos, alguém que não fosse julgá-la por seus problemas, e era exatamente isso que Matthew poderia ser. Suspirou internamente, para então sorrir de canto, ele e sua mania de proteger garotas fofas e inocentes, embora fosse mais por conta de seu jeito irmãozão de ser...

Ana não sabia muito bem se queria falar sobre aquilo. Tinha certeza de que ele a julgaria, a chamaria de fraca por não saber se defender, mas o que poderia fazer? Ela sozinha contra várias pessoas? Mas talvez realmente devesse conversar com alguém sobre isso, e ele alegava que passara por algo assim. Talvez entendesse.

Decidiu arriscar. Ana sentou-se na cama, um tanto dura demais e envergonhada. Estava sozinha com um garoto! Além do mais, um muito bonito! E o olhar dele era tão intenso... Ana sentiu as bochechas tomarem um leve rubor.

- Me chamam de patinha desengonçada... - sussurrou, um tanto incerta. - Porque eu sou desastrada, tropeço muito... Algumas vezes eles mesmos que me fazem tropeçar, sabe? É desagradável....

Matthew não gostara do que ouvira... Aquelas crianças patéticas, ficavam mexendo com a garota apenas por seu jeito de ser. Suspirou por fim, e a puxou para um leve abraço, afagando-lhe as costas.

- Eles são um bando de invejosos idiotas. Aposto que fazem isso, apenas por saberem que mais tarde estaram curvando-se para você.- Falou com leve diversão e então seu olhar ficou perdido por um momento.- Ao menos não são atos graves demais, como...- Sussurrou mas então se controlou para não falar muito. Deveria apenas confortar a menina, e fazê-la ver que poderia contar com ele para o que quisesse.- Infelizmente nossa sociedade é cruel... Mas se algo a mais como isso acontecer, me avise tudo bem? E iremos mostrar para aqueles seres inferiores quão boa você é.- Falou beijando-lhe de forme suave a testa, realmente achava o jeito desajeitado da jovem algo fofo e doce... Mas parecia que os colegas dela não achavam o mesmo. Bem, Matthew já maquinava algumas coisas que poderia fazer, mas isso apenas dali uma semana, quando tivesse mais confiança e liberdade por ali

A garota se assustou quando Matthew a abraçou, sem saber o que fazer e ficando totalmente travada. Ana não sentiu nenhuma malícia naquele gesto, mas sim um grande carinho, o que a fez relaxar um pouco e, timidamente, a garota passou os braços por volta do pescoço de Matthew, aninhando-se um pouco tímida nele e fechando os olhos.

- Eu... Hmm... - não sabia o que dizer. Mas resolveu que apenas um agradecimento estava bom no momento, então ela suspirou. - Obrigada, Matthew... N-não precisa se preocupar comigo.

Talvez aquele rapaz não fosse ruim. Talvez fosse um ótimo garoto, apenas tivesse escolhido um caminho errado...

ANASTASIA

Havia tido o dia mais desagradável de sua vida. Aquele dia havia sido a entrega de um importantíssimo trabalho de história, que contaria na nota final quase que toda. Mas apenas Ana, Alice e outra menina da classe haviam se lembrado de fazer, e Ana ainda fizera como sempre estava a seus trabalhos: com muito capricho, pesquisas bem elaboradas e cheia de detalhes. E ela e a outras foram elogiadas enquanto a professora dava bronca no resto da sala.

Teria sido bom, se na hora da saída as três não tivessem "pagado" por aquilo. Todos havia sido punidos pela professora e alguns alunos descontaram nelas. Ana e Alice não conseguiram se defender do grupo feminino que sempre procurava um pequeno motivo para azucriná-las, e Ana tinha um dos olhos roxos e os braços todo arranhados. Não sabia como esconderia aquilo dos pais.

Tentou arrumar o cabelo sem muito sucesso e esconder os braços com o casaco. O olho teria que inventar alguma desculpa. Mas se surpreendeu quando viu que era Matthew que a esperava, e ela não podia enganá-lo porque ele já sabia de tudo. E agora era ainda mais vergonhoso, pois Ana se via muito apaixonada pelo rapaz. Descobrira que ele era um bom rapaz, e estar naquele terrível estado diante dele era humilhante...

- Oi... - sussurrou. Era apenas aquilo que conseguia dizer.

Viu Ana caminhar em sua direção, mas quando a viu seu sorriso caiu de imediato, e podia-se notar a aura escura que pairava ai redor do moreno, até mesmo as garotas que fuxicavam sobre a beleza rebelde do rapaz se calaram perante o medo e receio que sentiram.

Matthew desceu de sua moto e foi em passos rápidos até Ana, segurando-lhe o rosto de modo delicado e a olhando de modo inquisitivo. - Quem? Quem foi que fez isso com você, Ana? - Questionou-a com um olhar intenso, como se lesse através dela, não deixando-a mentir para ele. - Quem foi Ana? Me diga... Eles não tem o direito de fazer isso com você, isso e crime... Lesão corporal. Além de que qual é o problema com esses desgraçados que não podem deixá-la em paz?- Apedar de estar sendo um tanto delicado enquanto encostava em Ana, Matt estava furioso consigo mesmo... Ele nem ao menos conseguia proteger a garota que a cada dia se tornava mais próxima a ele e não podia cometer nenhuma besteira para não ser mandado para a prisão de vez, mas não iria deixar de nenhuma maneira que aquilo ficasse daquela maneira... Ninguém machucaria Ana e sairia impune.

ANASTASIA

Ana apertou os lábios, pensando em uma resposta. Não queria que Matthew se encrencasse com um problema dela. Ela era uma tonta que não sabia se defender, ele não tinha obrigação de cuidar dela. Apenas suspirou e, timidamente, segurou a blusa dele de um jeito carinhoso.

- Esqueça isso Matt... É só por um gelo... - disse, olhando suplicante para ele. - Apenas me tire daqui, por favor... - a voz dela indicava que ela segurava a vontade de chorar. Como era ridícula!

As garotas que a haviam agredido saíram da escola e a primeiro momento, olharam para Ana com um sorriso maldoso, mas quando viram o garoto que estava com ela, ficaram sem reação. O que um gato mais velho daqueles fazia com Ana?

-Como posso esquecer? Machucaram você, Ana.- Falou com raiva de quem fizera aquilo com ela, mas o som da voz dela e ao ver que ela segurava o choro, fez com que o moreno suspirasse e acabasse concordando. - Tudo bem... Mas isso não ficará assim, de agora em diante eu a trarei e buscarei, entendido?- Perguntou como se quisesse deixar claro a ela que não importava o que acontecesse, ele iria cuidar dela de agora em diante. Foi quando ele viu um bando de garotas saírem da escola e olharem para a ruiva com sorrisos maldosos, precisou de toda a força de controle que tinha para não ir lá e acabar com elas, mas era um cavalheiro e não batia em meninas por mais que as cadelas merecessem.

Abraçou Ana de forma carinhosa e a levou em direção a sua moto, ao menos elas ficaram sem reação ao ver Ana com ele e isso por enquanto seria algo que ele guardaria para alguma vingança contra elas futura. Beijou Ana sobre o olho machucado e a ajudou a subir na moto, conferindo se o capacete não a incomodaria para só então subir na mesma. - Segure firmemente em minha cintura, tudo bem?

Ana sentia-se realmente feliz com toda aquela proteção, embora fosse triste pensar que ele fazia aquilo mais como um irmão mais velho. Ana sabia que já havia se envolvido sentimentalmente e que não deveria, mas o que fazer? Matthew era carinhoso, atencioso, cuidava dela... Como havia de não se apaixonar?

Corou quando ele beijou seu olho roxo e as garotas do colégio ficaram boquiabertas, sem acreditar que Ana namoraria um rapaz como aquele. Foram embora no mesmo momento.

Ela se sentou na moto e colocou o capacete, com a ajuda de Matt, e o abraçou com certo carinho, mesmo que com firmeza, encostou a cabeça nas costas dele e fechou os olhos.

- Obrigada, Matt... E-eu nem sei como agradecer tudo que você é pra mim...

- Não precisa agradecer... Afinal somos amigos não?- Falou já dando partida na moto, embora machucasse-o tê-la apenas como amiga sabia que não seria bom o suficiente para ela, afinal ele era um criminoso e ela a filha de um juiz renomado que tinha um brilhante futuro pela frente.

Suspirou conduzindo a moto pelas ruas, por fim parando próximo a uma clínica médica, levaria Ana lá primeiramente para ser cuidado seus ferimentos e depois bem... A única maneira dela disfarçar aquele olho roxo seria com maquiagem, afinal sabia que a menina não queria que seus pais soubessem de algo do que acontecia no colégio, por mais que ele discordasse com isso, mas era uma decisão dela e ele não poderia se intrometer, apenas ajudá-la.

- Venha, temos que tratar desses seus ferimentos.- Falou enquanto descia da moto e ajudava a menina, acariciando-lhe gentilmente aonde se via os ferimentos - Por que aqueles malditos fizeram isso com você, Ana?- Perguntou num tom carinhoso enquanto a abraçava calmamente, como poderiam eles machucar uma garota tão inocente e pura como ela?

ANASTASIA

Amigos... Ana sentiu uma pontada desagradável ao ouvir aquilo, mas não disse nada. Não podia esperar que Matthew visse ela de outra maneira, afinal. Um rapaz legal e cheio de personalidade como ele jamais se apaixonaria por uma garota apagada como ela.

- É... Somos amigos... - falou desanimada.

Não ofereceu resistência quando ele a levou para o hospital, sabia que aquilo era melhor do que os pais verem o que havia acontecido e então ela trazer a eles mais problemas do que eles já tinham. E não queria trazer problemas a ninguém. Nem a Matthew, mas ele já havia visto como ela estava...

- Elas só querem um motivo para me perseguir - respondeu baixinho, desviando o olhar. - Dessa vez foi porque eu fiz um trabalho importantíssimo e elas esqueceram, e a professora usou meu trabalho e de mais duas meninas que tinham feito como exemplo e deu bronca no resto da sala... Elas descontaram a raiva da professora em nós três... - finalizou. Sabia que aquilo deixaria Matthew furioso, mas não saberia mentir. Matthew via através dela, e ela nunca conseguia mentir para ele mesmo que tentasse.

Mordeu o lábio inferior dele mesmo com raiva daquelas meninas, como elas se atreviam a isso? - Escute Ana... A partir de amanhã, eu irei buscá-la na sua sala no momento em que o sinal bater para a saída entendeu? E a levarei no inicio da aula, não quero essas cadelas tendo chances de machucá-la novamente.- Falou raivoso com aquelas meninas, e afagou as costas de Ana para então conduzi-la para a clinica, esperando ao lado da mesma enquanto o médico a tratava, para depois saírem de lá.--E bem acredito que para disfarçar o roxo, só usando maquiagem. Embora eu a prefira ao natural... Para disfarçar não terá jeito, pequena. - Ana era uma das poucas garotas a qual Matt conhecia que continha uma beleza natural, a qual ele deveras preferia mas nunca a vira realmente utilizando maquiagem e por isso temia que ela não gostasse de tais cosméticos, mas não tinham realmente uma escolha. - Quer ir para casa agora? - Questionou-a de modo cauteloso, não sabendo o que Ana preferia fazer naquele momento

ANASTASIA

Ana não soube bem o que responder. Não que não quisesse, na verdade queria muito que Matthew cuidasse dela e sabia que as pessoas se sentiriam intimidadas se a vissem com ele. Além disso, era tão romântico... Mas era melhor afastar aquela ideia romântica, infelizmente não eram nada. Apenas bons amigos.

- Eu... - começou incerta. Mexeu a cabeça para colocar os pensamentos no lugar, e corou levemente. - É... É claro, Matt. Tudo bem, e-eu ficaria muito feliz com isso... - ela abriu um sorrisinho adoravelmente tímido. - Obrigada...

Quando o médico terminou de cuidar dela, tinha apenas o olho roxo para se preocupar. Ana tinha maquiagem, mas quase nunca usava. Geralmente usava para ir à igreja, mas era sempre com uma maquiagem bem leve. No dia-a-dia, não usava.

- Hm, minhas maquiagens estão em casa... Não saio com elas, eu mal uso... - explicou. Matt talvez preferisse garotas maquiadas, afinal a maquiagem realçava a beleza, e ela estava sempre assim: com a pele natural, cabelos presos e roupas que pouco a valorizavam. Nada atraente... Por um momento, desejou ser mais bonita. Apenas para ouvir de Matt algum elogio...

O moreno apenas a dera um meio sorriso.- Não precisa me agradecer Ana, faço isso com maior prazer.- Falou e então quando ela falou das maquiagens, olhou para o outro lado da rua notando uma pequena lojinha de cosméticos. - Podemos apenas comprar uma base para sua pele então, ou corretivo... Não sei bem como chamam essas coisas.- Falou fazendo uma careta engraçada e então puxou a menina pela mão em direção a loja, sorrindo de canto para a mesma.

- Não me leve a mal, por mim você poderia sempre andar sem maquiagem, pois sua beleza é encantadora dessa forma... Mas acho que você deseja esconder o acontecimento de hoje não é?- Questionou-a, afinal a ruiva sabia muito bem de seus pensamentos em relação a ela esconder tal coisa dos pais, mas mesmo assim ela insistia em guardar aquela dor dos mesmos, causando a Matt sempre pensar em como a menina poderia ser tão forte e lidar com tudo aquilo sozinha. - Mas espero que não esconda nada de mim Ana. - Falou de maneira rouca adentrando finalmente a loja com ela, notando algumas poucas clientes ali, mas ignorando-as enquanto seguia com Ana para ver os produtos.

Ana sorriu timidamente e assentiu, acompanhando Matthew até o outro lado da rua, onde havia uma pequena lojinha de cosméticos. Ana não entendia muito bem de maquiagem, quem comprava as dela era sua mãe. Mas tinha alguma noção da base que deveria usar, o tom da sua pele...

Enquanto procurava alguma base que desse no seu tom de pele, ouviu aquele comentário de Matthew e acabou corando. Oh, céus! Ele a achava bonita...? A garota soltou uma leve risada tentando disfarçar a vergonha.

- Hã... O-obrigada, v-você é muito gentil... - disse, imaginando que só devia ser gentileza mesmo. Ela, bonita? Era apagada, e era mais reta que uma tábua! - E sim... E-eu prefiro esconder isso, meus pais já têm problemas o suficiente para se preocupar comigo. Acredite, eu sei que meu pai vai colocar isso como uma prioridade sendo que tem coisas mais importantes para resolver... Não quero que ele se preocupe comigo...

E essa era Anastasia Güller. O tipo de garota que se importa mais com os outros do que com ela mesma. Para Ana, mesmo que ela estivesse sofrendo, se as pessoas que ela amava estivessem felizes, estaria tudo bem... Por ela, nem mesmo amolaria Matt com seus problemas, mas o rapaz lia através dela e sempre sabia quando ela estava mentindo.

-N-não esconderei... - sussurrou, e virou-se para olhar nos olhos dele, de uma forma adoravelmente preocupada. - Mas eu... Eu não queria te amolar com meus problemas, Matt. Quer dizer... Você está enfrentando um grande problema agora. O que você menos precisa é de alguém para te preocupar...

O rapaz suspirou enquanto afagava os cabelos de forma gentil e amável, a olhando nos olhos de forma calorosa, realmente a menina se preocupava demais com os outros e pouco consigo mesma o que fazia-o notar que ela precisava de alguém que a protegesse e lesse através dela para ajudá-la a passar pelos momentos difíceis, e ele sabia que aquele alguém deveria ser ele e mais ninguém.

- Ana, escute-me... Seus pais apenas ficam confortáveis pois acham que você está bem, eles querem protegê-la pois você é realmente o maior tesouro deles Ana, você não os incomodaria mas se quiser manter isso em segredo eu a entenderei.- Falou com um meio sorriso e virou o olhar para analisar os cosméticos. - E quanto a mim, não é uma decisão sua sobre com quem eu me preocupo ou não. Afinal cada um toma sua escolha, e Ana se eu me importo com você é claro que vou querer saber como você está lidando ou o que está acontecendo... Eu quero estar ao seu lado Ana, se você me permitir isso. - Falou e então voltou a olhar para ela lhe afagando a face e beijando-lhe a bochecha, mas o tempo todo lembrava-se que não era alguém digno da pequena e a única coisa que poderia fazer era ser amigo dela e protegê-la, e essa seria provavelmente a única coisa que ela iria querer dele.

ANASTASIA

Ele estava certo, e Ana sabia disso. No entanto, ainda assim ela não queria ser um fardo para seus pais. Afinal eles já eram os melhores pais do mundo, faziam tudo por ela. E tinham seus próprios problemas. Não achava justo fazê-los lidar com os dela.

- Eu sei disso, mas... - ela suspirou, sem saber o que responder. - E-eu não sei se consigo dizer... Isso vai deixar minha mãe abalada demais, e meu pai furioso com todos do colégio e talvez até se sentir um fracasso como pai. Eu sei como ele é...

Ana segurou as mãos de Matthew timidamente, apertando os lábios e um tanto sem saber o que dizer. Ficava feliz por ele querer cuidar dela, mas não entendia porque ele se afeiçoara tanto a ela.

- P-por que faz isso por mim, Matt? N-não estou reclamando, apenas... A-apenas não entendo como você pode se preocupar e se afeiçoar por mim...

- Por que não entende? Você é alguém incrivel Ana, estranho seria se eu não me afeiçoasse por alguém tão brilhante e doce como você.- Falou enquanto entrelaçava suas mãos as dela, ah como queria falar tudo o que queria... De explicar que ela o encantara de mais de uma maneira e que ele tinha que se controlar e muito para lembrar-se quem ela era e que ele não seria nem em um milhão de anos alguém decente para estar com ela, sabia que muito provavelmente ela só o via como um amigo... Um irmão mais velho protetor, e isso o machucava por dentro mas desde que ela estivesse bem e a salvo ele não se importaria nem em ser considerado um mero segurança ou um cão de guarda da menina, afinal uma pessoal tão gentil e doce como ela merecia alguém do mesmo nível e que a pudesse proteger em tudo e dar a ela uma vida instável, segura e feliz algo que ele provavelmente não conseguiria e mesmo que conseguisse, ela não deveria nem sequer vê-lo dessa forma

Ana sentiu a face esquentar tanto que teve que olhar para o chão. Foi quando percebeu que segurava as mãos dele e, extremamente envergonhada, a garota soltou de uma forma desajeitada e tropeçou, derrubando algumas coisas da loja no chão. A vendedora olhou para eles com cara de "Que diabos vocês estão fazendo?"

- D-desculpa! E-eu vou recolher tudo! - disse a garota, no mesmo momento se abaixando para pegar tudo, o coração acelerado. Deus, como aquele garoto conseguia deixá-la assim?

Quando terminou, se deu conta de que não achara a base da cor de sua pele. Teria em outro lugar da loja. Suspirou.

- Eu vou pegar a base, espera aí... - disse a garota, e foi procurar a base. Só não contava encontrar as garotas de sua sala, encarando ela com certo desdém. Ana crispou os lábios e tentou fingir não ver.

- Ora Ana, quem é aquele gato com você? - perguntou uma se aproximando de braços cruzados.

- Um primo, com certeza. A nossa Patinha jamais namoraria um gato desses - Disse outra. ela riu e depois acrescentou, colocando o braço em volta de Ana como se fossem colegas. - Ela nunca namoraria, falando a verdade!

Como iria se livrar delas? Nunca devia ter se afastado de Matthew, e agora estava com aquele bando cruel a rodeando novamente. O que faria?

- M-me deixem em paz... Não envolvam o Matt nisso...

- Então o nome é Matt? - disse outra garota, dando um sorrisinho safado. - Você nos apresentaria seu primo, Ana? Adoro rapazes mais velhos!

- E-ele não é meu primo...

- Não? Então o que ele é? - perguntou com uma leve irritação.

Matthew sorriu vendo o jeito desastrado de Ana e a ajudando a arrumar tudo, mas nem tivera tempo de falar algo com a menina, que logo saíra de lá em busca de uma base.

O moreno apenas suspirou e desculpou-se com a vendedora, pegando suas coisas e a de Ana e seguindo para onde a menina tinha ido embora de início não conseguira vê-la realmente por estar no meio de um bando de garotas, por fim aproximou-se a tempo de ouvir a conversa delas e crispou os lábios de raiva do que ouvira, aproximando-se levemente e puxando Ana para ele enquanto a beijava de modo calmo e carinhoso em seus lábio, para depois virar-se para aquelas meninas.

- O namorado de Ana, é claro.- Respondeu pela ruiva enquanto um sorriso sádico surgia em seus lábios - E eu realmente espero não vê-las novamente incomodando minha garota... - Falou com seu jeito mais delinquente e perverso que possuía para então puxar Ana e sairem dali.

ANASTASIA

Ana abriu a boca para responder que ele estava na casa dela por um tempo apenas, mas antes que falasse isso, Matthew apareceu a beijando, o que realmente a deixou surpresa. Nunca havia imaginado que seu primeiro beijo seria roubado daquele jeito, mesmo assim sentiu uma onda de felicidade ao sentir os lábios do moreno nos seus. Mas ficou estática, enquanto ele mesmo respondia as garotas.

- O quê? Namorado? - perguntou uma delas, indignada, e olhou para Ana. - Isso é brincadeira né?

Mas logo todas ficaram brancas de medo e estáticas com a ameaça de Matthew, assentindo com a cabeça. Saíram rapidamente dali, e ela pagou pela base que havia escolhido antes. Ana ficou sem saber o que falar, ainda sentindo as bochechas queimando.

- Hmmm, obrigada Matt... E-eu... - ela tocou os lábios, quase dizendo que havia beijado pela primeira vez, mas se calou. - Hã, d-de qualquer forma eu sei que foi para a-ajudar, e agradeço p-por isso!

- Não precisa agradecer, Ana... Na verdade eu nem mesmo mereço seus agradecimentos.- Falou desviando o olhar do dela e bagunçando seus cabelos morenos enquanto envergonhava-se de suas atitudes anteriormente, sabia que muito provavelmente ela não iria gostar dele da mesma maneira, mas ele não poderia mentir para a jovem em sua frente e a única coisa que o tranquilizava é que a doce menina parecia ser imune a sentimentos de ódio ou repúdio.

- Você não entende Ana, eu não mereço sua gratidão... Porque... Bem, porque eu me aproveitei da situação.- Confessou e pela primeira vez Matthew aparentou ser apenas um garoto e não um homem mais velho que Ana e ainda por cima um delinquente, mas esse era o efeito que a jovem causava nele e ele não conseguia se negar a não agir de tal forma. - Eu me aproveitei da situação para fazer algo que eu queria há um tempo...Te beijar e... Se quiser que eu me afaste eu entenderei.- Terminou de falar com receio e olhando para o chão com medo do que poderia ver nos olhos de Ana.. Pena? Receio? Ou quê?

ANASTASIA

Ana ficou um tanto confusa quando Matthew disse ter se aproveitado da situação. Mas então ele explicou e ela ficou tão vermelha quanto tomate maduro. Como assim, algo que ele queria fazer há um tempo?!

Ana ficou sem saber o que responder. Estava feliz por ouvir aquilo, mas também constrangida. Droga, não podia perder aquela chance! Não podia deixar de dizer que o amava, e que queria que o segundo e os próximos beijos de sua vida fossem apenas dele...

- M-Matt... - sussurrou, parando diante dele e pegando as mãos dele, tentando reunir coragem. - E-eu... Eu.... - Engoliu em seco e falou de uma vez. - E-eu te amo, Matt! E-então... E-eu gostei muito do que você fez...!